Era uma avenida bem estreita e movimentada. Os carros e os ônibus mal tinham espaço para trafegarem por ela. Para complicar, havia carros estacionados em ambos os lados da via.
Como era a última noite de compras antes do dia das mães, na rua e nas lojas, o trânsito de carros e pessoas estava frenético. As lojas cheias de clientes, na rua, os motoristas estavam estressados por causa dos inevitáveis congestionamentos, um buzinava daqui, o outro respondia dali, somando-se aos anúncios de promoções que eram feitos aos gritos pelos vendedores das lojas o clima era de extrema agitação.
Dentro do carro ele observava tudo e ficou lembrando-se dos tempos de garotão quando não existia nada daquilo, tudo era mais calmo. Ele olhou o outro lado da avenida e começou a se recordar de quando ele vinha jogar bola num campinho de terra que existia ali onde estava àquela loja de roupas e calçados.
O trânsito estava parado, mas a mente dele estava em movimento e ela viajava ao passado e ia cada vez mais longe. O semáforo abriu e ele acelerou... De repente ele ouviu:
Uaõõõõhmmmm! Uaõõõõhmmmm! Uaõõõõhmmmm! Uaõõõõhmmmm!...
Ele olhou pelo retrovisor e não viu nada. Mas ele e todos ali na rua sabiam que se tratava de uma emergência, não deu para ver se era carro de polícia, ambulância ou carro funerário já que estavam próximos a um cemitério. Todos os motoristas deram um jeito de tirar os carros da frente um apertou daqui o outro apertou dali, tudo para dar passagem para o veículo passar rapidamente. Depois que todos estavam encostados eles ouviram a sirene se aproximar, foi quando puderam ver o quê: O carro do resgate? Não! Uma ambulância? Não!
Todo aquele tumulto tinha sido causado por um rapaz que tinha colocado uma sirene na bicicleta dele.
De sandálias havaianas, camiseta do Corinthians, bolsa a tiracolo, ele pedalava todo feliz da vida como se o babado não tivesse nada a ver com ele. Coisas de Corinth...Quero dizer, coisas de cidade grande.
Edilson Rodrigues Silva
