O pai só vivia se gabando de que a molecada de hoje já não era mais a mesma. Ele falava:
- Na minha época lata para enrolar linha de pipa era lata de óleo, de Nescau, de Ovomaltine, Hoje, olha só tem até um negócio de plástico para enrolar linha. Loja de pipa! Que decadência. Na minha época cada um é que fazia a sua própria pipa, no máximo era pedir para o irmão mais velho fazer e mesmo assim prestando bem a atenção para depois fazer sozinho e, colocava rabiola e tudo mais. Onde já se viu. A molecada de hoje não sabe fazer mais nada, eles só sabem entrar na loja e pedir uma pipa de cinqüenta centavos ou de um real. Francamente!
Ouvindo isso a esposa dele disse:
- Ora! Por que é que você não vai fazer uma destas pipas da qual você tanto está falando e aproveita e ensina pra eles a fazerem também. Ela estava se referindo aos filhos do casal. Tudo Bem! Disse o pai.
- Vou mostrar para eles como é que se faz uma linda raia que é um tipo de pipa que ninguém mais sabe fazer.
Ele comprou todos os materiais e chamou os garotos para ajudarem a fazer uma linda raia. A pipa ficou muito bonita. Os garotos não conheciam aquele tipo de pipa. Todos foram para o terreno vazio ao lado da casa deles para soltar a tão comentada e comemorada pipa.
Um dos garotos segurou e o pai colocou a raia no ar. Era linda mesmo. As barbatanas ficavam tremulando no ar e faziam um barulhinho gostoso de ouvir. Instantes depois quando os garotos estavam muito felizes e já tinham conseguido controlar a pipa no ar eis que surgiu uma pipa dos moleques da rua de cima com a intenção de cortar a raia , depois de tentar e tentar os moleques enfim conseguiram cortar a raia que, bem devagarinho foi sumindo no horizonte.
Imediatamente o pai também lembrou-se das vezes que ele próprio também tinha agido daquela maneira. Apesar da frsutração daele e da molecada, lá no coração dele ele pensou: Bons tempos!
Edilson Rodrigues Silva
