No metrô:
- Reynaldo! Quanto tempo meu amigo. Como você está? E a família, está tudo bem?
- Eu não sou o Reynaldo.
- Ô Reynaldo deixa disso, sempre fomos amigos do peito e agora você vem com uma frescura dessas. Eu sei que faz muito tempo que a gente não se vê, sou eu o Barbosa. Lembra? Do pavilhão 8?
- Pavilhão 8? – retrucou o homem. Que pavilhão 8?
- Eu já disse para o senhor que não sou o Reynaldo e nem sei que pavilhão 8 é este que o senhor está falando.
- Ô Reynaldo! Que brincadeira mais sem graça, onde já se viu fazer isso com um amigo de tantos anos. A gente se conhece há tanto tempo. Que mancada meu irmão. Depois de tudo que a gente viveu lá no Carandiru você agora dá uma dessa. A estas alturas, dentro do vagão, bem discretamente, todo mundo só tem ouvidos para a conversa dos dois.
- Lembra do Celso? Ele continua na vida. Eu ouvi dizer agora ele só está mexendo com coisa grande e você está fazendo o que da vida? Continua o Barbosa.
- Eu já disse para o senhor que eu não sou o tal de Reynaldo. Dirigindo-se para o povo do vagão ele disse: Prestem atenção: Eu não conheço este homem eu não tenho nada a ver com ele.
- Bem que disseram que você estava enjoado e metido a besta. Quando ouvi isso não acreditei. Eu falava: O Reynaldinho jamais faria isso, ele é meu chapa, eu conheço ele é ponta firme a gente dividiu a mesma cela por muitos anos lá no pavilhão 8.
- Meu senhor! Como já disse. Não sou o Reynaldo e, por favor, eu preciso ir embora. Não perca o seu tempo comigo não. Sinto muito, mas tenho que ir.
- Tudo bem! Se você vai insistir em me ignorar, ficar fingindo que não me conhece, não vou mais lhe incomodar. Mas, Reynaldo, saiba que fiquei muito magoado contigo por causa desta pisada na bola. Você nem parece o meu velho camarada de tantos anos.
- Já que é assim vou dizer para todo mundo que você dormia com um ursinho porque tinha medo de ficar sozinho. Ele virou para as pessoas que estavam no vagão e disse: Ele dizia que era um costume de criança e, que o ursinho era a única lembrança da mãe dele...
- Não acredite neste homem ele é completamente maluco. Dizia ele olhando para a povo que estava querendo ver o que mais seria revelado ali . Eita Povão curioso!
Quando ele chega a casa dele:
- Oi amor! Chegou mais cedo hoje? O trânsito estava melhor?
- Oi querida! Hoje eu vim de metrô e por isso cheguei mais cedo. Só uma coisa? Aquele nosso segredo lembra? Aquele! Você não contou para ninguém não né?
Edilson Rodrigues Silva
